Quem é mais sentimental que eu?
Eu disse e nem assim se pôde evitar.
Ela é mais sentimental que eu!
Então fica bem
Se eu sofro um pouco mais.
(Los Hermanos - Sentimental)

Eu gosto mesmo é de silêncio, de mãos dadas por baixo da mesa, de sorrisos compridos, de rir de bobagens e do nada olhar nos olhos, de ficar com as bochechas vermelhas, de brilho labial com gosto de melancia, de vento me despenteando, de abraço forte, de segredos, de pele macia, de corpo quente, de fugir enlouquecida no meio da multidão, de reconhecer aquele sorriso de longe, de correr feito louca, de quase cair no chão, de sempre estar atrasada, de ficar parada sem falar nada, de vozes baixas, com sotaque malandro e arrastado, de perder a concentração...
Eu gosto mesmo é dos planos, de boca perfeita, de olhar o mar à noite, de sentir frio na espinha, de fingir que não tem clima nenhum, de falar de futebol, de desviar o olhar, de falar das estrelas, de achar que o cristo redentor está se movimentando, de me sentir levemente bebada, de falar compulsivamente, de sentir as mãos na cintura, de não sentir frio no frio, de beijo roubado, com gosto de chiclete.
De rir de mim mesma, de sentir frio na barriga, de vestido cheio de areia, do som do mar, do dia nascendo, de tomar bronca dos meus pais, de fingir que to chateada, de me esconder no quarto, deitar na cama e ouvir Los hermanos por 13 horas consecutivas, de lembrar de tudo que foi e não passou, de tudo que ficou, depois que acabou, dos sonhos que nascem inconscientemente, de me lembrar de tomar doses de realidade e repetir: Ariane, Ariane, não se empolgue!
E cinco segundos depois estar suspirando, o que eu gosto mesmo é de alugar os ouvidos das minhas amigas, de sentir que tudo se encaixa, de me irritar pensando onde eu estive tanto tempo!
O que eu gosto mesmo, é de perder a linha e perder o rebolado, de parecer uma menina de 12 anos, de usar sapatinho de boneca e vestido, de vodka com limão e gelo, de suco de abacaxi, de cantar feito louca na rua, de surpresa, de loucuras, de perfume com cheiro de manhã de sábado...
E diferente do que todos pensam, eu não estou apaixonada! NÃO estou!
Será?
Não importa, "ele é mais sentimental que eu" ...

Tenham um dia perfeito! ;*

'O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso desse amor
Corre a lua, porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por essa noite
Porque está amanhecendo?
Peço o contrário, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for' ♫
(Cassia Eller - Relicário)

Depois de tempos conturbados, de confusões ativas e presentes, depois de aceitar que derrota e abandono são meras questões de ponto de vista, depois de entender que despedidas tem mais a ver com o que você faz dos sentimentos que ficam, do que com quem vai, eu volto a postar nesse blog.
Hoje eu sei, que as pessoas vão valorizar em você aquilo que você mesmo valoriza, e esse pensamento, me fez abrir algumas portas. Portas essas, que abri por acaso, numa tentativa de fugir da realidade, num gesto rústico de negar o que estava presente.
Eu tentei anular o que já existia, dando vida ao que parecia sem futuro, mas sem querer eu fechei as portas, e o que era fruto do acaso tem dado vida aos meus melhores pensamentos. Talvez eu não esteja ainda falando de paixão, e tão pouco de amor, mas estou falando de encontros mágicos que mexem com a alma da gente, que nos faz perguntar porque nos mantivemos tanto tempo presos, quando tinhamos a oportunidade de estar vivendo e fazendo descobertas.
Diferente de um tempo atrás, eu não estou fechando portas antigas, ou rasgando fotos e tão pouco negando o que já fez parte de mim; estou olhando com sensibilidade de expectadora o que eu fiz com o teatro da minha vida, quantas peças transformei em tragédia, quando nada mais eram que comédia, apenas um stand up, onde eu estava sozinha e me julgava cercada de tantas coisas que me machucavam. Passei tanto tempo colocando a culpa dos meus fracassos nos atores coadjuvantes das minhas grandes cenas, sem perceber que era eu, a autora dos meus dramas, e só eu poderia mudar o rumo dos fatos.
Hoje, de olhos abertos e ciente da direção que quero tomar, eu fecho portas, mas deixo uma janela aberta.
Quanto aos encontros mágicos, que fiquem para as cenas que escreverei em breve, por enquanto, só quero dar vida a realidade sem grandes idealizações, porque mesmo quando as portas se fecham, os sentimentos não se definem.

Descubram-se também autores de suas obras e sejam felizes!
Afinal, cada dia uma cena e felizmente a tal felicidade é construida todos os dias :*