Escrever as 03:38 da madrugada é uma boa desculpa pra dizer tudo que quero, com o pretenso argumento de estar sonolenta.
Nem sei se alguém perde tempo lendo essas coisas loucas, que exponho na tentativa estranha de conhecer-me.
Penso, logo escrevo!
E escrevo porque quando me leio, tenho a estranha sensação de estar interagindo comigo mesma.
E sim, apesar do sono, tenho plena consciência que não era pra estar escrevendo isso, que vou me arrepender minutos depois de ter postado e será tarde demais.
Mas que seja, aqui estou eu para falar de coisas que eu mesma não compreendo, não é que eu tenha voltado a acreditar em amor e casas no campo, mas eu queria ter essa crença, talvez impedisse que a descrença arruinasse o que poderia sim ser uma casa no campo.
Meu medo, meu tão doce/amargo medo, que em momentos me serve como escudo e em momentos é a própria arma inimiga sobre a minha cabeça.
Só porque não estou nem aí pra convenções, não significa que não me importe com que tipo de ser humano tenho me tornado, e de verdade, não peço mais merda nenhuma de compreensão, porque eu mesma não me compreendo, não viveria 5 dias comigo mesma, não exijo que me aturem, mas confesso que sinto falta das coisas que deixei pra trás.
Sinto falta não das pessoas, mas do que elas significavam pra mim, da imagem tão louca e avulsa de invencibilidade nas tardes que mais pareceriam tiradas de um filme que nunca esqueci. Eu sinto falta do sentimento nobre, da entrega total ou parcial, dos beijos que despertam as tais borboletas no estomago, mas isso é clichê, é piegas e eu não me dou mais o luxo de falar do que sinto com tanta intimidade.
Afinal eu não me conheço, não poderia falar assim tão convicta de mim mesma...
E dizem os demagogos “eu nada mudaria do meu passado”, a verdade é que eu mudaria tudo, não ligo pra discursos bonitos, as flores amarelas não me chamam mais atenção, eu não quero mais o carinho limitado, as promessas fugazes que deixam se esvair pelas dificuldades.
E claro, eu queria mesmo mudar a porcaria do passado, jogar fora todo o lixo, tirar a poeira debaixo do tapete, eu queria lavar as paredes infectadas de sonhos não realizados, eu queria ir embora, queria nunca ter vivido aqui e queria não ter conhecido metade das pessoas que conheço, porque não gosto dessa estranha sensação de que existiu e acabou, não gosto quando as coisas acabam.
Porque o fim me deixa triste, sempre me deixa com a sensação de que eu poderia ter feito melhor, que eu poderia ter dito coisas mais objetivas, de que eu poderia ter dito mais...
Se eu soubesse que em 2008 teria sido o ultimo natal com o meu avô, eu teria abraçado ele muito mais vezes, e teria dito coisas que nunca disse, teria deixado claro que eu me importava e que ele foi um exemplo pra mim apesar das caduquices, eu teria passado o natal com ele, e o ano novo também e teria torcido de coração pro time dele, mesmo indo contra todas as minhas vontades, eu teria feito mais e melhor, eu teria sido outra.
Mas essa sou eu, estranha, vazia e escrota, não ligo pra nada que não tenha tom de ultima vez, porque eu só valorizo quando não tenho mais, e antes de ser a ultima vez, costuma não ter muito valor na minha vidinha.
Eu gosto das coisas impossíveis, e eu esqueço tudo que dói, eu finjo que esqueço, e choro as vezes lembrando, e choro porque sou fraca e sou humana.
Eu sou tão foda, e sou tão forte, estou acima de tudo que é bom e verdadeiro e choro no banheiro pela falta que sinto das coisas que nunca mais vão voltar.
Eu sou tão durona e positiva, e choro trancada no quarto pelas coisas que não posso mudar, pela imagem errada que sempre passo, e pela porra de cisco no olho que sempre insiste em cair quando escuto musicas que me fazem lembrar que de vez em quando, que sou de carne e osso, e sonho com casas no campo e amor de verdade.
É aquele pensamento bem mesquinho dos céticos: não existe, mas se existisse, eu queria pra mim, queria pra vida toda!
O problema generalizado é dar importância em demasia, ao que na prática é mero detalhe.
Sabe aquele amor inesquecível, vai passar (sempre passa); sabe o cara perfeito da loja de esportes, tem frieira, é casado e tem 5 filhos (com mulheres diferentes); sabe aquele ator super sarado com covinhas perfeitas? Sim, tem gonorréia, frieira e arrota o alfabeto depois que bebe coca cola, vai te trair no primeiro mês de namoro, ou melhor, vai mentir sobre a personalidade dele, vai te omitir que o pai é procurado pela policia e que a mãe é estelionatária, ou dos males o menor, nenhum deles é o cara pra você!
Alguns caras só servem pra ficar na vitrine, além disso, é ilusão, pura ilusão!
E quer saber a verdade?
Você vai sobreviver! Levante a bunda da cadeira e vá ocupar a mente, saia com os seus amigos e vá rir das suas próprias burradas, vá ver algo interessante, tipo, procurar o Wally, assistir Pokémon, ou jogar buraco com o seu avô, vá catar amêndoas secas e passar mais de 15 minutos socando a maldita, por meio cm de coquinho, afinal, antes isso, que passar dias atrás de quem no mínimo lhe dará um chute na bunda e motivos suficientes pra se suicidar.
Mas não é essa a questão, a questão é, nós mulheres absorvemos essa coisa de sensibilidade e criamos parâmetros para fazer parte da sociedade como pessoas “normais”, mas porquê?
Não é legal arrancar a porcaria do sutiã e dizer, foda-se, eu vou assistir futebol hoje!
Por que não sair para beber com os amigos? (subentendam-se amigos homens)
Vão dizer que sou devassa? Mas se me arranca um sorriso, vale até dedo no olho e chute no saco (não vamos exagerar).
Sorria! A vida é bela, ou não, mas se não é bela, finja que é e repita até acreditar!
Quem não é capaz de mudar a própria história, não merece ter a rédeas da própria vida.
Pouco me importa os moralistas, eu crio meus limites, e se me coloca um sorriso no rosto, eu vou atrás...
Porque a vida é assim, ou você vence os obstáculos, ou os obstáculos vencem você, e ainda que metaforicamente, não permitirei que seres inanimados obtenham vitória em cima de mim.
Afinal baby, a mulher moderna, fica sempre por cima!