"Insanidade é continuar a fazer o que você sempre fez, desejando obter resultados diferentes."

Não sei se por conveniência ou se por costume, mas a coisa mais complicada que resta após as despedidas, é seguir em frente, desprender-se, recomeçar.
O mais difícil, é o deixar pra traz, porque de alguma forma deixa-se um pouco de si, deixa-se um pouco da história que nunca se pensou ver finda, mas acaba e acaba inesperadamente, e o peso que se carrega talvez nem seja pelo que se viveu, mas pelo que se deixou de viver.
Apegamo-nos a idéias, nos apegamos a momentos, mas o momento passa e o que resta é seguir em frente.
Não resta alternativa, a vida continua aos que sobrevivem, a vida continua aos que são abandonados, a vida continua aos que são enganados, a vida continua sempre...
E o maior fardo, talvez seja a coragem de abandonar-se e seguir sem parte de você.
Porque intimamente, a gente sempre constrói um mundo, onde a base é o outro e quando tudo desmorona é mais fácil apegar-se aos cacos do que foi, do que aceitar a idéia de que nunca existiu, é mais fácil sobreviver sobre escombros, que recomeçar em outro lugar e se dar conta que perdeu-se mais que algo palpável, também perdeu-se tempo!
É mais fácil vitimar-se e estacionar, que assumir a culpa e prosseguir...
Ana é assim, depois que o amor passa,
ela costuma achar ridículo aquele quem amou.
[Fernanda Young]

Acho que estou feliz, mas também não haveria porque não estar, tenho tudo que sempre quis, mas nunca tive muita certeza do que queria, então ficam aí minhas reticências...
Lembranças de “quase amores”, lembranças que atenuam o que há de mais nostálgico em mim.
Talvez pareça descrença ou até desrespeito ao que tenho hoje, a quem tenho hoje; mas penso no que poderia ter sido diferente; e tirando as crenças no absoluto, não há nada que eu queira mudar no meu passado.
Só fica meu desejo sincero aos amores e amigos, aos casos e aos acasos, aos encontros e desencontros, aos que foram e aos que ficaram (por persistência), que sejam imensamente felizes, que encontrem exatamente o que procuram e que saibam que as bases de sorrisos ou de lágrimas contribuíram diretamente para o meu crescimento moral, para a quebra desses conceitos ilusórios de relacionamentos perfeitos e encontros marcados.
Aprendi a conviver com o que é tangível, e, por conseguinte, com o que me é necessário, talvez eu nem soubesse mesmo o que fazer com os excedentes.
Porque de alguma forma excêntrica, ou mesmo egocêntrica, sempre fui um tanto metódica quanto as pessoas, não as culpo por terem ido, mas recebe meu total reconhecimento quem teve a ousadia de permanecer ao meu lado mesmo com todos os meus defeitos, quem não prometeu nada, mas foi lá e fez, quem ficou na chuva e no sol comigo cada vez que o dia pareceu um âmbito infeliz, quem se preocupou, quem chorou comigo, quem reconheceu em mim muito mais que carne e osso, quem teve a coragem de se retratar quando errou, e a coerência de retornar quando sentiu falta...
E o que desejo a quem agiu o contrario? O que desejo a quem foi embora sem justificativa? A quem mentiu por crueldade? A quem beijou com falsidade? A quem anulou todos os momentos bons? A quem agiu de má fé? A quem me fez chorar?
Desejo sabedoria, desejo paz de espírito, desejo uma noite tranqüila de sono, desejo que a vida os dê o contrario do que me deram. Porque é disso que o mundo precisa, humildade, bom senso e caridade...
Afinal, o que doeria mais? Ver aquele que você derrubou, lhe pagar com a mesma moeda, ou que na sua queda ele o ajudasse a levantar?
Por isso desejo que o mundo os trate com muita caridade, para que o castigo, venha mesmo não de mim, não dos meus desejos de infelicidade, mas de suas consciências.

"Tudo o que já foi, é o começo do que vai vir"


E vai passar, porque sempre passa...

Passa porque doer é uma variável, não uma equação perfeita, passa porque doer é um momento, não um estado, passa porque nada que vive dura tempo suficiente pra se tornar estável e eterno.

Às vezes é mais cômodo, às vezes é incomodo, mas a vida é um ciclo natural que te obriga a seguir, e você segue não porque quis, mas porque aprendeu a deixar pra trás.

Ledo engano acreditar em estabilidades, já explica a física que o ponto mais difícil de ser alcançado é o meio, alcançar extremos é fácil, muito fácil.

Hoje ama-se muito, amanhã odeia-se ao extremo.

Hoje as juras são para a eternidade, amanhã a ironia por ter acreditado.

Hoje entrega-se a alma, amanhã leva-se até a carteira se for possível.

Hoje você será o único, amanhã se dará conta que foi só mais um para a terrível estatística de iludidos.

Hoje o par perfeito, amanhã a sensatez de que você sequer teve um par, quanto mais um par perfeito.

Sofre-se demais, chora-se demais, ri-se demais, vive-se demais!

E vai passar, porque a vida é feita de passagens, e quando se der conta, já passou e você nem viu...





E talvez a gente passe o resto da vida sem sequer saber o que valeu a pena e o que não valeu.
E a gente passa a vida deixando coisas pra trás, revirando a lixeira das lembranças e se perguntando como aquilo foi parar lá.

Coisas que pareciam tão bonitas, destruídas pelo tempo, destruídas pelo que fizemos com o tempo que restou.
Eu paro em frente às portas que estão fechadas, e me pergunto se quando estiveram abertas, eu olhei tudo que esteve lá dentro, se desfrutei cada segundo observando cada cômodo e cada passo do cachorro que insistia em latir todas as vezes que eu olhava pela janela.
Não, eu não valorizei os momentos que hoje lamento por não ter mais, eu não disse o que queria a todas as pessoas que hoje, já não me ouvem mais, sim, eu me preocupei demais com conceitos e nem sempre fui o que deveria ter sido, e eu sinto falta dos momentos que foram apagados, eu sinto falta da chuva batendo no telhado, quando pensar em algumas coisas ainda me davam esperanças de um futuro melhor, eu sinto falta das crenças em super heróis, e olhares que dizem muito mais que palavras bonitas.
Ledo engano, triste saudade!
O que restam a todos nós humanos é essa carga de nostalgia que permanece e se torna mais pesada com as vivências.
São músicas, lugares e pessoas, que me dão essa sensação estranha de ter estado lá, mas sequer saber o que foi feito daquele momento, é como ver um filme e se enxergar como personagem, e no lugar dos sentimentos reais de cada espaço no tempo, só restar a nostalgia de expectador.

Espero que gostem do vídeo!