Todo ser humano, em algum momento, já passou por uma fase de hesitação, por aquela fase em que você se pergunta: "Ei, o que estou fazendo aqui, agindo desse jeito, me sentindo assim?" E você se depara com inúmeras respostas, mas nenhuma supre aquele vázio de querer libertar-se do sofrimento, e de alguma forma você ainda está aprisionado nas correntes do comodismo. E você exita, não só porque tem medo, mas porque não se reconhece, porque está fixado em suas imperfeições, está olhando a cerca feia ao invés de olhar o jardim bonito através da cerca. Está frio aqui, você diz... Mas o que é menos insano, morrer de frio, ou lutar para se aquecer? Corre o risco de que você morra de qualquer jeito, mas só atingira o objetivo se lutar. Sabio foi aquele que afirmou que nem todos que lutaram, atingiram seu objetivo, mas todos que atingiram, lutaram. Em alguns momentos, eu insisti sim, insisti em ser triste e em alimentar o que havia de mau aqui dentro e dos percalços pelo caminho, eu só quis a calçada limpa pra eu me sentar e esperar o improvavel. Eu desisti de mim, antes mesmo de saber se eu era capaz, desisti das palavras que eu tanto amei, desisti das músicas que tanto me deram acalento nos momentos em que eu tive certeza que não havia mais nada, eu desisti do pôr do sol, desisti da chuva, desisti das pessoas que tantas vezes foram mais que adornos na minha história, que insistentemente eu afirmava ser triste. E enfim, eu olho e percebo que da mesma maneira que alguns, mesmo sem motivos colocam sorrisos em seus dias, eu colocava lágrimas, eu entendia que a vida não passava do que você vê e toca, acreditar era pra utópicos, sonhadores, inconsequentes... Para realistas, você tinha o que seus olhos podiam mirar, o que suas boca sentia o gosto, o que suas mãos tateavam. Era outono creio eu, fim de qualquer esperança para uma realista convicta... Onde você se pega olhando pela janela, e diz a si mesma, se até as folhas tem o direito de cair, porquê eu não teria? E em algum lugar, eu vi alguém dissertar sobre o amor maior, mas esse não me enchia mais os olhos, eu não esperava de parte alguma, pois foram tantas as vezes que eu passei noites em claro por ele esperando, mas esse traiçoeiro amor não apareceu. Foi tanto tempo, tantos desgostos, eu nem sabia ao certo se ele existia, sequer sabia se eu estava realmente viva, porque usando-me do verso: "quem quase morre esta vivo, mas quem quase vive já morreu", eu não tinha muita certeza se o que me avivava era um coração feito de sentimentos, ou um músculo que bombeava sangue para o resto do corpo. Os vestígios de desistência eram claros, eu já estava aturdida, porque sonhos eram absoletos e a minha existência era vã. Eu vi minha casa de janelas brancas ser demolida, eu vi meus filhos morrerem sem mesmo terem nascido, eu fiquei viuva de um amor que eu nunca tive, foi suicidio moral, tudo em nome da bela tristeza. Eu tinha medo das águas turvas, mas me joguei das grandes e agudas pedras, eu eu sangrava enquanto inalava a água salgada, eu chorava e o mar transbordava, mas eu estava no fundo. Senti uma mão segurando meus braços, mas tive medo de abrir os olhos, um toque e meu corpo estava quente de novo. Eu vi a vida passar em um segundo diante dos meus olhos, e eu descobri que nunca houvera vivido, o que eu tive foram falhas tentativas, espasmos da existência que me obrigava a seguir. Eu tive medo, tive medo de aceitar as mãos que me foram estendidas, mas acabei por aceitá-las e aceitando-as eu entendi, eu entendi que verdades são realidades propostas por nosso acumulo de experiencia. E eu me perguntei, quando realmente eu fui eu? Ele me explicou sobre a vida, também já havia sofrido demais, ele me deu o conforto, deu sentidos aos sonhos, ele devolveu a primavera, ainda que fosse inverno, ele me acalmou quando eu chorei, ele foi cumplice de minhas loucuras, ele foi o herói errante, e eu via nele o amor perfeito, ele foi aquela singela canção, o suspirar empolgado, o acordar aliviado, o calor das noites frias. Ele me deu coragem, me deu forças, foi meus olhos nos momentos de agonia, foi o sopro no momento insensato, foi o acalento das minhas madrugadas insones, ele foi alguma coisa entre terra e céu, alguma definição inexaurível, alguma história incontavel. E apesar da minha falta de palavras, e apesar da paciencia sobrenatural que ele sempre teve, apesar dos medos que as vezes tememos juntos, e apesar das mãos que ainda não podem se tocar, e dos sorrisos dados separadamente, e apesar do oxigenio que não disputamos, e da estrada longa porém curta, que nos separa, e apesar do adjetivo "perfeito", eu sei que ele é humano e eu o amo. Eu sei que ele sente, que chora, que sofre, que tem ciumes, que tem fraquezas, e é exatamente isso que lhe dá esse mérito, a humanidade dele me encanta, me envolve, a mortalidade que me faz querer eternizar o hoje, que me faz querer dizer mil vezes "eu te amo", porque o amanhã não é certeza. Porque se eu nunca puder olhar aqueles olhos amendoados e dizer que eu renasci, que ele me salvou, que eu não quero que ele se esqueça que eu o amei, que eu o amo, que imperfeições e erros também compõe o carater de um grande homem, que nós podemos ser dois ou um só, e isso só depende do que queremos ser juntos, a minha existência terá sido mais uma vez em vão. A vida prossegue seu ciclo, haverão muitos outonos, verões, primaveras e invernos, e dessa vez eu vou olhar pela janela e me perguntar: "se até as arvores depois de se tornarem apenas galhos secos, voltam a florescer, porquê eu não?"
Eu jamais vou esquecer daquelas mãos que me roubaram a escuridão... :)
"O verdadeiro amor não é aquele
que se alimenta de carinho e beijos
mas sim aquele que suporta a renúncia e
consegue viver na saudade"
Eu te amo Je :D Obrigada por ser perfeito, até mesmo nas suas imperfeições *-*
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